quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Retomada do crescimento será lenta

O Meeting de Economia - Um novo desenho no sistema financeiro mundial, promovido pelo Sistema FIERGS, por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RS), realizado no dia 30 de julho, na sede da entidade, concluiu que há sinais de melhora nas economias emergentes, entre eles o Brasil, mas a retomada do crescimento será muito lenta. A preocupação dos economistas é com relação, principalmente, ao ajuste fiscal. Os debatedores Jianping Mei (economista chinês especializado em finanças internacionais), Marcio Garcia (professor da PUCRJ), Ricardo Hingel (economista e diretor financeiro do Banrisul) e Marcelo Kfouri (economista do Citybank), têm a mesma opinião com relação à retomada do crescimento: todos acreditam que há indícios de que em 2010 as economias voltarão aos índices positivos, mas longe ainda dos números pré-crise.

Garcia destacou que nos países desenvolvidos as empresas e famílias estão muito endividados, diminuindo os investimentos e o consumo. "Os pacotes dos governos tiveram reflexo imediato naquele momento, amenizando alguns problemas, mas não está claro se estes foram realmente solucionados", destacou ele. "Os governos fizeram investimentos, mas será que as empresas poderão continuá-los?", questionou.

Na mesma linha, Kfouri lembrou que a indústria teve o maior impacto, já que exporta e o mercado internacional sofreu muito com a recessão. "Mas é a primeira vez que em uma crise há queda de juros", salientou. Conforme ele, pelos cenários do Citybank, a inflação está sob controle, mesmo com a queda das taxas de juros.

O economista Ricardo Hingel afirmou que o Sistema Financeiro Nacional, pela reestruturação que houve nos finais dos anos 90, foi um grande diferencial da economia brasileira para melhor enfrentar a turbulência mundial. "A inflação estabilizada, elevada liquidez interna, redução das taxas de juros, e relativo equilíbrio fiscal deram previsibilidade à economia", disse. Hingel acredita que com o controle da inadimplência e a liberação da oferta de crédito haverá maior evolução da recuperação da economia nacional. Segundo ele, é possível que no segundo semestre de 2010 o Sistema Financeiro Nacional esteja como no cenário pré-crise.

O chinês Jianping Mei, professor na Cheung Kong Graduate School of Business na China, explicou que seu país e o Brasil têm grande complementariedade e que muitos desafios podem ser enfrentados trabalhando juntos. Relatou ainda que o governo continua fazendo grandes investimentos em infraestrutura e que os bancos chineses são muito sólidos. "O crescimento da China é sustentável", comentou. Mei lembrou que o chinês ainda consome pouco, além de ter um sistema energético muito ineficiente. Porém, segundo ele, em função da força de trabalho, a economia vai continuar em elevação. Para 2009, o economista projeta um crescimento de cerca de 8%.

O evento integra o Programa de Educação Empresarial do IEL-RS.

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