quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Instituto Euvaldo Lodi mineiro mapeia polo calçadista de Nova Serrana

De cada 100 indústrias fabricantes de calçados de Minas Gerais, metade está em Nova Serrana. Quarenta e sete de 100 empregos gerados pelo setor se concentram no pequeno município de 60 mil habitantes, a 115 quilômetros de Belo Horizonte. São 12.303 trabalhadores, o que representa cerca de 65% da mão de obra empregada no município. Em Nova Serrana, estima-se encerrar o ano de 2009 com a produção de 95 milhões de pares de sapatos.

Para conhecer melhor o setor e o perfil de cada empresa da cidade, o Instituto Euvaldo Lodi de Minas Gerais (IEL/MG) lança o Diagnóstico das Indústrias Calçadistas, que mapeou todo o arranjo produtivo local (APL) de Nova Serrana, maior fabricante de calçados esportivos do país.

O diagnóstico resulta de um trabalho desenvolvido durante nove meses e revelou a existência de 687 indústrias de calçados no município. O documento, elaborado em parceria com o Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), tem por finalidade facilitar o planejamento de ações voltadas para o aprimoramento das indústrias nas áreas tecnológica, gerencial e de qualidade dos produtos.

O estudo revela que 62,7% das empresas pesquisadas produzem calçados esportivos, reforçando aquilo que já se conhecia da identidade calçadista de Nova Serrana. Os dados mostram ainda que as empresas pesquisadas têm um tempo médio de existência de aproximadamente 12 anos. Ainda conforme os estudos do IEL/MG, 8,3% delas têm menos de dois anos de vida; 11,8% entre 21 e 30 anos; e 3,3% das fábricas têm mais de 30 anos de existência.

O tênis é o carro-chefe das indústrias de Nova Serrana. O produto responde por 57,5% dos calçados fabricados. Na sequência aparecem sandálias (24,9%), sapatilhas (10,7%) e rasteirinhas (9,7%).

O APL de Nova Serrana fabrica diariamente 311,5 mil pares de calçados, o que gera uma média de 800 pares por empresa. Por esses números estima-se que neste ano serão fabricados 95 milhões de pares de calçados. É como se cada funcionário produzisse 7.722 pares por ano. A pesquisa revela que 63% das indústrias fabricam até 500 pares por dia. Cerca de 22% delas fabricam até mil pares por dia e somente 0,6% das fábricas têm produção diária acima de 10 mil pares.

Essa produção é sobretudo de micro e pequenas empresas. Segundo o diagnóstico feito pelo IEL/MG 94,5% das empresas que compõem o APL de Nova Serrana são micro e de pequeno porte. Outros 5% são de médio porte e apenas 0,5% de grande porte.

Aproximadamente 18% das indústrias de calçados de Nova Serrana trabalham atualmente com ociosidade zero e 3,4% operam com até 10%. Na outra ponta a pesquisa revela que 19,3% das empresas estão operando com menos da metade da sua capacidade produtiva.

Quanto ao preço dos calçados vendidos, 26,7% comercializam a produção por até R$ 10 o par. Calçados com preço até R$ 15 são vendidos por 19,5% das indústrias calçadistas do APL. Somente 1,7% das fábricas produzem sapatos acima de R$ 35 o par.

Entre os principais compradores, o estado de São Paulo aparece em primeiro lugar, indicado por 92% das empresas. Em seguida aparece Minas Gerais, que foi indicado em 88% dos casos. Na sequência aparecem Rio de Janeiro (71%), Paraná (68%), Santa Catarina (56%) e Rio Grande do Sul (54%). Pouco mais de 6% da produção é exportada.

Os representantes constituem o principal meio de comercialização de calçados fabricados em Nova Serrana. A presença deles aparece em 96% das empresas pesquisadas. Negócios diretos com os clientes representaram 28% das respostas e a distribuição dos produtos para redes de varejo 15%.

O desenvolvimento de projetos de design é outro ponto que vem ganhando importância entre os empresários do setor calçadista, sobretudo em razão do ganho de competitividade que proporciona à empresa. Mais de 65% das empresas ouvidas disseram fazer uso de projetos de design no desenvolvimento de seus produtos. O desenvolvimento do design na própria empresa é o procedimento mais adotado (35%), seguido pela terceirização de projetos prontos (31,6%).

A elevada carga tributária foi apontada por 90% dos entrevistados como o maior gargalo ao desenvolvimento das empresas de Nova Serrana. A dificuldade de encontrar mão de obra qualificada aparece como o segundo principal complicador. Competição acirrada do mercado (56%), inadimplência (35%) e falta de capital de giro (35%) também estão entre os maiores obstáculos do polo calçadista.

Foi praticamente unânime o posicionamento das empresas sobre a necessidade de qualificar cada vez mais os funcionários do setor. Sobre os cursos que mais interessariam às empresas para seus funcionários, o de gerenciamento e liderança aparece em primeiro lugar com 51%. Logo em seguida aparecem cursos de design e desenvolvimento de produto (41%), técnico em calçados (32%), gestão da produção (31%), modelagem (29%), manutenção (29%) e costura (23%).


Fonte: IEL-MG

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